O exemplo de Paulo

Muitas vezes em nossa caminhada lidamos com situações nas quais nos sentimos injustiçados. E não somente injustiçados, mas também impotentes diante de tal situação. Apesar de conhecer o caráter justo de Deus, muitas vezes nos desanimamos, reclamamos, nos levando a um pecado que muitas vezes não nos damos conta que estamos cometendo: a murmuração. 

O apóstolo Paulo é um exemplo de alguém bastante injustiçado (e na nossa ótica, o que mais teria motivos para reclamar). No final de sua vida, ao escrever sua carta a Timóteo, Paulo faz uma de suas afirmações mais famosas "combati o bom combate, completei a carreira, guardei a fé; Já agora a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, reto juiz, me dará naquele Dia; e não somente a mim, mas também a todos quanto amam a sua vinda". (2 Tm 4:7-8). As circunstâncias nas quais o apóstolo se encontrava eram as piores possíveis. Preso em um calabouço em Roma, prestes a ser morto, acusado por um crime que não cometeu. Nos versículos seguintes, vemos que Paulo pede que Timóteo "vá ter com ele depressa". Paulo estava preso, sozinho, abandonado. Ele pede ao jovem que leve a sua capa, visto que ele nem teve a oportunidade de levar antes de ser preso, o que nos leva a crer no terrível frio daquela prisão (v.21). Vemos que Paulo também diz a Timóteo que Demas o abandonou (v.10), tendo amado o presente século, e que um homem chamado Alexandre, o latoeiro, lhe causou muitos males (v.14a). 

Os historiadores dizem que foi este Alexandre que entregou Paulo ao Império Romano para ser preso e, consequentemente, martirizado.  Em minha liberdade de interpretar a Bíblia, creio que este momento seria ideal para Paulo, em uma linguagem popular, "lascar o pau" nesse tal Alexandre. Poderia desabafar, falar mal, mas disse apenas "o Senhor lhe dará a paga segundo suas obras" (v.14b). Paulo entendeu que, independentemente das situações, Deus estava com ele. A força e a fé de Paulo não vinham de nenhuma circunstância ou de pessoas, mas ele estava firmado no caráter de Deus! Que linda verdade! Paulo conseguia "não se importar" com as aflições, traições, abandono, rejeição, ingratidão, injustiças porque ele sabia quem Deus é. 

Creio que foi diante dessa verdade que Paulo se deu conta de que tudo ele pode naquEle (na natureza, no caráter de daquEle) que o fortalece (Fp 4:13). Ele sabia que para cada injustiça, Deus julga com cetro de equidade (Sl 45:6); para cada abandono, Deus nunca o deixaria (Dt 31: 6-8); Para cada aflição, o jugo suave de Cristo (Mt 11: 28-30); Para cada traição, a vingança do Senhor, Justo Juiz (Rm 12:19); Para cada choro, o consolo (Mt 5:4); Para a morte, a promessa de vida eterna (2 Tm 4:18). Não há situação na vida difícil o suficiente que a Graça de Deus não alcance. E a Graça dEle nos basta! (2 Co 12:9).

Então, querido leitor, se neste momento você está experimentando algo assim, guarde o seu coração de reclamar e se firme no caráter de Deus. Recentemente, ouvi uma frase, não me recordo do autor, mas dizia "se você tem tempo para reclamar, tem tempo para orar!". O Senhor nos assiste em nossas fraquezas e Ele não tem receio de quem somos... pelo contrário, Ele quer que nos derramemos diante dELe e quer que nós entendamos que Ele usa cada situação para forjar nosso caráter à imagem e semelhança de Cristo. De todas as injustiças do mundo, não houve nenhuma maior do que a que Jesus sofreu, o Cordeiro de Deus que não tinha pecado, mas morreu por nós, pecadores. Que saibamos aproveitar as situações para sermos cada vez mais parecidos com Ele, nosso Salvador, que sofreu tudo em silêncio. Vamos seguir o exemplo de Paulo, vamos seguir o exemplo de Cristo... em nome de Jesus, amém!