Análise: Estevão Queiroga - A Partida e o Norte
A minha postagem sobre a análise da música dos Arrais - o bilhete e o trovão é o post de maior sucesso neste blog (se quiser ver esta postagem, procura a tag #análise). Como faz tempo que não faço análise de músicas, decidi trazer essa música: A partida e o norte, do Estevão Queiroga. É uma canção muito especial pra mim, especialmente nesta fase da vida que me encontro. A primeira vez que a ouvi, estava a pouco dias de vir para os Estados Unidos, para "o Norte", muito simbólico. Acho importante esclarecer que esta análise será a luz das minhas próprias experiências... Letras poéticas podem abrir margem para muitas interpretações e creio que essa é a parte mais bela da poesia.
Quando eu parti partiu-se em mim meu coração
Meus pés tremeram ao pisar em outro chão
Eu disse adeus e a Deus eu disse sem razão
Que a minha companhia era a solidão
Atender ao chamado de Deus é aceitar sair da zona de conforto. Dizer sim para os sonhos de Deus é renunciar a tudo, o que pode causar dor no começo. No meu caso, sair do país pela primeira vez para morar fora por no mínimo o período de um ano, dizer adeus à minha família, amigos, igreja, cultura... não foi fácil. Em seguida, ao chegar aqui, enfrentamos a solidão. Pode parecer que esse intercâmbio é tudo de bom, e de maneira nenhuma estou dizendo que não é, mas tudo tem seu lado ruim e um deles é a solidão. Você não conhece ninguém, todas as pessoas que você tem contato você literalmente acabou de conhecer, e confiança leva tempo para ser desenvolvida. É claro que isso é uma situação que o próprio Deus permite, para que vejamos que nunca estivemos e jamais estaremos sós.
O fogo me queimou, mas me aqueceu
A luz que me cegou, me fez ver Deus
Minh'alma se fartou sem água e pão
A mãe da esperança é a provação
Amo este refrão! Em poucas palavras o compositor consegui descrever o processo de amadurecimento o qual todos nós passamos. É paradoxal dizer que o mesmo fogo que queimou o aqueceu, mas assim também é a dor ao caminharmos com Deus. Jó é um grande exemplo disso, quando em meio a sua mais terrível dor ele aprendeu a enxergar Deus com seus próprios olhos e não mais de ouvir falar (Jó 42:5). "A luz que me cegou, me fez ver Deus" provavelmente é inspirado no encontro de Paulo com Cristo em Damasco, que deu a Paulo a cegueira natural, mas tirou sua cegueira espiritual (At 9). Em meio aos desertos da vida, muito mais que água e pão, nós necessitamos do pão vivo que desceu do céu e beber da água da fonte de vida eterna... e somente assim mantemos vivas a esperança da nossa redenção, onde não mais haverá dor e sofrimento que enfrentamos na jornada.
Por sobre a estrada anoiteceu e amanheceu
E eu vi que os dias mais sombrios
Também são teus
O homem que eu parti de casa se perdeu
E a caminhada fabricou um novo eu
Durante a jornada, altos e baixos, passamos a discernir a presença de Deus em cada momento, sejam eles bons ou ruins. Na verdade, temos a péssima mania de não ver Deus nos maus momentos, ou pior ainda, acreditar que Ele é o causador do sofrimento. É claro que Deus é soberano e eu acredito que nada acontece sem sua permissão, mas precisamos ter consciência das consequências de nossas escolhas. E é assim, entre erros e acertos, que a caminhada vai fabricando "um novo eu". Na verdade, o grande construtor dessa obra é o Espírito Santo, que vai nos guiando, ajudando, moldando e aperfeiçoando até chegarmos ao padrão de Cristo.
O caminho muda, e muda o caminhante
É um caminho incerto, não o caminho errado
Eu, caminhante, quero o trajeto terminado
Mas no caminho, mais importa o durante
Deixei pegadas lá no vale da morte
Um solo infértil aos meus muitos defeitos
Minha vida alargou-se em caminhos estreitos
E eu vi você
A partida
E o norte
Na estrada da vida não temos controle de nada. Por isso mesmo o Senhor Jesus ordenou que não andássemos ansiosos por nada, já que não podemos acrescentar uma hora que seja a nossa vida (Mt 6:27). Assim sendo, o caminho muda e nós mudamos, a cada escolha, a cada palavra. Como cristão, devemos olhar para a nossa bússola que indica o Norte, o alvo, que é Cristo. Nesse trajeto somos convidados a entrar pela porta estreita, enfrentar muitos desafios, experimentar a renúncia e morrer para nós mesmos, deixar o Espírito Santo trabalhar "a terra" do nosso coração para nos purificar e santificar. Pode ser bem doloroso, mas não faremos tudo isso sozinhos...
Apesar de Jesus ser nosso Alvo, Ele prometeu estar conosco todos os dias (Mt 28:20). Ele nos ajuda na caminhada e tendo Ele ao nosso lado podemos desfrutar de uma aventura extraordinária! A cada desafio Deus não hesita em demostrar sua bondade e paz, Ele nos traz conforto, alívio, descanso, nos dá livramento, nos permite viver milagres... "o durante" dessa caminhada é imperdível! Por isso te convido, caro leitor, a convidar Jesus para caminhar com você no dia a dia. Ele está perto, Ele é acessível e a presença dEle é imprescindível. Que Ele seja seu ontem, seu hoje e seu amanhã. Que Ele seja o começo e o fim...que Ele seja o ponto de Partida e sempre seja o nosso Norte.
Se você não ouviu a música ainda: https://www.youtube.com/watch?v=tJ_zR6KKNII
Se você não ouviu a música ainda: https://www.youtube.com/watch?v=tJ_zR6KKNII
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