No desapontamento...

 

... a esperança nasce, e vivo o presente independentemente do que passou."

Este post não vai ser para analisar outra música dos arrais, apesar que essa música, de onde tirei esse verso, merecia mesmo uma análise só para ela. Contudo, escolhi esse verso porque acho que finalmente entendi o que isso quer dizer. 

Não sei quanto a você, mas eu estou em uma fase da minha vida onde só consigo contar as minhas decepções. É claro que nem tudo é só tragédia e há muito o que ser grata, mas não posso ser hipócrita e fingir que está tudo bem. A vida é feita de fases e estações, e eu preciso entender e aceitar a fase que estou agora. Preciso ser transparente com Deus, comigo, ser vulnerável no processo. Olhar para trás é enxergar os caminhos das coisas que vivi, sabendo que muitas vezes foram as escolhas que fiz que me trouxeram aqui, tomando responsabilidade por cada uma delas ao discernir as ruínas que restaram de mim. É claro que eu sempre fui muito melhor com as palavras do que sou com as atitudes no dia-a-dia. Eu posso escrever e escrever, ajudar mil pessoas com as minhas reflexões e ainda assim me ver necessitando delas desesperadamente. E, neste caso, vejo que muitas vezes o simples entendimento/conhecimento de algumas situações não são o suficiente para ser livre delas. Às vezes, a dor de tentar e de se decepcionar profundamente torna-se um caminho inevitável durante a jornada. 

E essa tem sido a minha estrada, o desapontamento, as decepções. Sonhos que ainda não se realizaram e parece que está tão tarde para acontecer, projetos que eu poderia ter tentado mais, oportunidades que se foram e a pergunta mais dolorosa "e se...?" batendo na porta. É doloroso investir tempo em algo que sem futuro, é difícil aceitar que corri atrás do vento, é quase que insuportável pensar nos desperdícios. Parece mesmo que só tem cinzas. Parece difícil ter esperança, uma luz no final do túnel, porque não é a primeira tentativa frustrada. Está longe de ser a primeira tentativa, e o perigo está em acostumar a perder, se acostumar com a dor. 

Mas, sempre tem um "mas"...Com Deus, sempre tem uma vírgula onde parece um ponto final. Ontem eu estava buscando um alívio para o meu coração, um louvor, uma mensagem, qualquer coisa. Já abriu o Youtube e falou com Deus "fala comigo por favor?" e você assiste ao primeiro vídeo que aparece? Eu já, várias vezes. Quem me conhece sabe o quanto Deus usa o pastor Steven Furtick para falar comigo. Abri o Youtube e logo a primeira sugestão do canal dele "Be set free today!". Só de ler o título "seja liberta hoje!", já imaginei o teor da mensagem, fui logo abrindo, e como sempre e inevitavelmente parecia que ele estava assistindo a minha vida no pay per view e fez aquela mensagem só pra mim. Infelizmente não posso comentar sobre tudo o que eu ouvi, mas algo que ele disse me marcou demais: "As decepções são o que Deus mais usa para aumentar a fé e as decepções são o que o inimigo mais usa para destruir a sua fé, a diferença é o que você faz com elas, porque elas irão acontecer". Acho que poderia até terminar o texto aqui, mas vou deixar aqui a conclusão registrada, principalmente quando eu precisar pregar pra mim novamente. 

O texto que base da mensagem é aquele onde João Batista manda seus discípulos questionarem Jesus.

Dirigindo-se a Jesus, aqueles homens disseram: "João Batista nos enviou para te perguntarmos: ‘És tu aquele que haveria de vir ou devemos esperar algum outro? " Lucas 7:20

João Batista, aquele que remexeu na barriga da mãe cheia do Espírito Santo quando Maria a visitou. O mesmo João que cresceu no deserto, viveu para seu propósito, batizou Jesus e viu o encontro da Trindade de perto. O mesmo João que o próprio Senhor Jesus testemunhou sobre, o ultimo grande profeta nascido antes do nascimento do Senhor, o grande João Batista provou da dúvida e da decepção. Na minha liberdade de interpretação das Escrituras, eu fico realmente pensando que deve ter sido muito decepcionante para João morrer nas mãos de um inimigo daquela forma. Não sei como ele imaginou que seria a vida dele, talvez ele pensasse que iria ter uma vida mais longa, quem sabe ele tinha sonhos, ou ao menos pensou que Jesus poderia livrá-lo da prisão. Alguma coisa o levou não só a questionar, mas a buscar uma resposta de Jesus, porque talvez só aquilo trouxesse paz diante do fim iminente de sua vida. Não sei exatamente o que se passava com João, mas eu amo o quanto a Bíblia é verdadeira e não esconde as fraquezas de ninguém. Não sabemos como João recebeu a resposta e se foi o suficiente, mas pela fé eu posso crer que sim. 

O Senhor Jesus não respondeu a João com um "sim, sou eu mesmo". Ele respondeu com aquilo que estava escrito sobre Ele e também disse que felizes aqueles que não duvidam dEle. E se Ele é quem diz, então nunca perderemos a esperança, porque a nossa esperança não está em nada que esta Terra possa oferecer. Não importa quão frustrante as coisas possam parecer, eu sei que meu Redentor vive e por fim há de se levantar sobre a Terra (Jó 19:25). Porque Jesus vive, eu posso acreditar que não há nada que eu esteja passando que Ele não possa usar para o seu propósito eterno, que está muito além de mim mesma. E se a fé é a certeza daquilo que esperamos e a prova das coisas que não vemos, não tem momento melhor de exercita-la do que neste lugar onde os castelos de areia desmoronaram. Eu acredito que no desapontamento de João, a esperança nasceu, porque Jesus é mesmo quem Ele diz que é. 

E é essa é a mensagem para meu eu do futuro, quando enfrentar outras desapontamentos que a vida trouxer: use todos eles para deixar a esperança renascer. 🌱